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Muito se fala sobre a intolerância religiosa, na maioria praticada por seguidores de determinadas religiões cujos seguidores se acreditam os únicos ungidos e amparados por Deus, mas pouco se tem falado na intolerância praticada pelo poder publico, que se mostra solicito com as manifestações dos seguidores das religiões cristãs (católicos e evangélicos), franqueando-lhes espaço publico em estádios praças e avenidas, proporcionando-lhes os mais variados serviços públicos (desde proteção policial até médico, segurança e fiscalização) para que possam realizar seus eventos com toda tranquilidade e segurança, não lhes cobrando nada por maiores que sejam os gastos que realizam.

   Mas, quando é a vez da Umbanda promover seus eventos religiosos em homenagem a Iemanjá, tudo muda e as tendas, além de serem obrigadas a pagarem taxas de uso do solo, em terreno da Marinha do Brasil, têm que pagar para entrarem com ônibus até a beira do mar, sendo tratados como indesejáveis pelos respectivos prefeitos das cidades litorâneas.
Dois pesos e duas medidas, esta é a verdade!
Nossa homenagem, aqui em São Paulo, já é tradicional e vem sendo realizada há varias décadas e, se no passado o poder publico era receptivo devido o grande afluxo de pessoas às suas cidades nos dias em que eram realizados os eventos, quando o comercio local era beneficiado, hoje a realidade é outra e somos vistos e tratados como uma praga, como um estorvo pelo poder publico das cidades litorâneas, com muitos nos acusando de “sujarmos as suas praias”, a maioria delas reprovadas para banho pela CETESB, que as consideram impróprias e até publica a relação das que devem ser evitada devido o perigo para os banhistas.
Nós só vamos em dezembro para as festas em homenagem a Iemanjá e, se deixamos os restos das oferendas na areia, é porque não tem outro jeito de se fazer as oferendas.
Não dá para inventar ou substituir esta pratica milenar de se oferendar na natureza as forças e os poderes dos Orixás.
Mas, e a sujeira e as depredações que acontecem nos grandes eventos das outras religiões, e que ninguém sequer comenta, porque é tabu falar sobre a sujeira deles?
Nós somos criticados e tratados como estorvos e cidadãos de 2ª categoria, tanto pelo poder publico quanto pelos moradores das cidades litorâneas, e os restos de oferendas são descritos como poluidores de suas “maravilhosas” praias, que, na verdade, estão muito poluídas e oferecem risco para a saúde dos turistas banhistas, ou que só caminham pelas praias, oferecendo-lhes desde micoses até doenças infecciosas graves, mas isto eles ocultam, porque querem o nosso dinheiro quando vamos às suas cidades só como turistas, não é mesmo?
Hipocrisia! A intolerância se mostra de muitas formas e esta é só mais uma delas.
As outras religiões até recebem incentivos dos poderes públicos (devido os políticos eleitos por seus seguidores), e seus eventos são vistos e tratados com
respeito e reverencia.
Já os nossos, são vistos como perturbação dos seus habitantes e como poluidores de suas praias, como se fosse possível poluí-las ainda mais do que já estão.
Para os seguidores das outras religiões, tudo!
Para os seguidores da Umbanda, taxas e mais taxas, nenhum amparo do poder publico local, e criticas e mais criticas ofensivas, não é mesmo?
Eu já estou cheio dessa hipocrisia, inclusive a de umbandistas querendo dar uma de salvadores do mundo e querendo que façamos oferendas “virtuais” às forças da natureza, ou seja, que coloquemos a fotografias de uma oferenda, mas que seja impressa em papel biodegradável, certo?
Olorum, meu Pai, dai-me paciência!
                                                                                                                                                                                                                          Pai Rubens.

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